sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Entrevista com John Balthazar, do Grupo Bertioguense de Estilingue Esportivo, e da Puma Slingshots

Olá leitores!

Depois de alguns meses tentando agendar uma entrevista, nós finalmente conseguimos agendar e fazer a entrevista com o maior entusiasta e incentivador do estilingue esportivo no Brasil, além de ser o mantenedor do primeiro canal no You Tube a tratar o estilingue como modalidade esportiva no Brasil. Estou falando de John Balthazar, diretor do Grupo Bertioguense de Estilingue Esportivo, e proprietário da Puma Slingshots. Acompanhem abaixo os detalhes desse bate papo com o John.

 Foto cedida do arquivo pessoal de John Balthazar


EDB – John, primeiramente nos diga quem é você, de onde você é, e o que você faz?

JB – Sou John Balthazar, tenho 60 anos, sou natural da cidade de Santos, SP, minha infância e parte da adolescência eu vivi na cidade do Guarujá, SP, atualmente resido em Bertioga, SP, resido em Bertioga a 47 anos, minha formação profissional é na área eletrônica, com especialização em telecomunicações, desde 1998 exerço profissionalmente a atividade de artesão, tenho um atelier e oficina de artes aqui em Bertioga, onde desenvolvo o meu trabalho artístico, produzindo peças de decoração, utilitárias e souvenires, também ministro cursos e workshops de técnicas de pintura decorativa, e confecção de peças artesanais para decoração e outras finalidades.

EDB – E de que forma o estilingue entrou em sua vida?

JB – O estilingue entrou em minha vida desde a infância, ganhei meu primeiro estilingue aos seis anos e meio de idade, e de lá pra cá não parei mais, mesmo não atirando com frequência eu sempre tive meus estilingues por perto. Na década de 1970, todos os garotos do meu bairro e bairros vizinhos tinham seus estilingues, naquela época, uma garoto que não tinha o seu estilingue, era um caso pra psicólogo.

EDB – Mas teve um determinado momento que você voltou com força no estilingue, diga-nos quando foi e como foi isso?

JB – Como eu disse meu contato com os estilingues já vem desde a década de 1960, e de lá pra cá eu nunca deixei de ter meus estilingues, mas por volta de 2007, um sobrinho me pediu um estilingue, e ao pesquisar sobre borrachas para estilingue na internet, vi que o mundo do estilingue havia crescido muito desde 1970 pra cá. E ao tomar conhecimento disso voltei a fazer meus estilingues, testando novos modelos de cabos e novos tipos de borrachas, e voltei a atirar com mais frequência.

EDB - E essa estória da caça? Você caçava com estilingue na sua infância, Você ainda caça nos dias de hoje?

JB - Durante a minha infância eu morei na cidade do Guarujá, SP, o bairro que eu morava era um pouco afastado do centro da cidade, e a maioria dos moradores do meu bairro eram agricultores, caiçaras, e índios da etnia Guarany. Havia muita mata e bananais no bairro que eu morava, e boa parte dos moradores caçavam, e a garotada ia no embalo, inclusive eu, pois isso fazia parte da cultura local e da cultura da época. Mas já na década de 1980, teve inicio os movimentos ecológicos, as leis mudaram, e passaram a tratar a caça com penalidades mais severas aos infratores, e muitas culturas se perderam ou evoluíram, inclusive a cultura da caça, e hoje é praticada apenas em áreas remotas, longe dos centros urbanos.

Eu não pratico mais a caça, desde 1981, depois que a legislação começou a ser modificada, eu decidi não caçar mais. Hoje eu defendo a caça apenas em estado de necessidade, pra sobrevivência ou pra controle de pragas que possam causar desequilíbrio ambiental. Fora essas três hipóteses eu sou totalmente contra a prática da caça.

EDB – E a Puma Slingshots como surgiu?

JB – Como eu comecei a produzir cabos de estilingue com novos desenhos, alguns amigos viram e se interessaram, e queriam comprar meus cabos, e logo a fama se espalhou pela região, pelo estado e pelo país, e como os estilingues estavam vendendo bem, eu criei a marca Puma Slingshots para comercializar meus estilingues, hoje a Puma não é apenas uma marca de estilingue, hoje a Puma Slingshots tornou-se uma empresa.

EDB – Como e onde são vendidos os estilingues produzidos pela Puma?

JB – Eles são vendidos através de nossa loja virtual, ou diretamente na Puma.

EDB – Quem e onde estão os seus clientes?

JB – Meus clientes são variados, entre eles eu tenho praticantes do estilingue esportivo, pescadores, bushcrafters, escoteiros, colecionadores e hobbystas. Eles estão espalhados por todo o Brasil e nos países vizinhos, recentemente efetuamos duas vendas pra dois países da América Central.

EDB - Antes de entrarmos no assunto, qual é a sua relação com os esportes, clubes e associações desportivas?

JB - Bem antes de iniciar a minha carreira na área da eletrônica, minha atividade e formação era educação física, tive várias academias de artes marciais e poliesportivas, numa determinada fase da minha vida eu mudei de cidade, e fui trabalhar em uma empresa fabricantes de equipamentos para antenas de TV e outros segmentos, por isso também me formei em eletrônica, e me pós graduei em telecomunicações. Voltando a falar dos esportes, quando eu vi que o estilingue tinha um grande potencial para se tornar uma modalidade esportiva no Brasil, e que para que isso acontecesse, nos teríamos que organizar a atividade de norte a sul, de leste a oeste do país, formando clubes, ligas municipais e regionais, federações nos estados, e por fim uma confederação brasileira, eu fui atrás de conhecimento a respeito, conversando com uns amigos do tempo da educação física, eles me perguntaram por que eu não faziam um curso de especialização em gestão desportiva, e me deram várias indicações, de cursos EAD sobre gestão desportiva, eu pesquisei vários, e fiz o primeiro que era a Introdução a Gestão Desportiva, depois fiz outro chamado Gestão Desportiva, fiz mais dois cursos chamados Teoria e Prática da Gestão Desportiva, e Gestão Desportiva Aplicada. Todos esses cursos me fez olhar o estilingue esportivo com outros olhos, e enxergar o futuro do estilingue esportivo no Brasil de uma outra forma, forma esta que 99% dos pseudos praticantes, entusiastas e influenciadores do estilingue não enxergam. Resumindo, antes de fazer todos esses cursos a minha relação com o estilingue era mais um hobby e comercio, depois dos cursos o estilingue esportivo se tornou uma paixão pra mim, por esse motivo que eu vivo batendo na mesma tecla dizendo que os grupinhos de redes sociais devem ser tornar clubes legalizados, para que o estilingue esportivo venha a ter credibilidade e o reconhecimento das autoridades desportivas do Brasil.

EDB – Você disse estilingue esportivo? O que vem a ser estilingue esportivo?

JB – Você sabe que aqui no Brasil o estilingue é marginalizado, devido a cultura das décadas anteriores a 1980, onde havia a cultura da caça a matança de pássaros. Além disso, ainda apareciam algumas pessoas que praticavam atos de vandalismo usando o estilingue. Diante disso tornou-se necessário a criação de uma terminologia que diferencia o estilingue vilão, do estilingue modalidade esportiva ou até mesmo do hobbysta, e diferencia o estilinguista do estilingueiro, foi aí que depois de uma longa pesquisa em vários países e em vários idiomas,  vi que ninguém separava o estilingue esporte das demais atividades do estilingue, e criei o termo estilingue esportivo, junto com uma definição, princípios que e pilares que regem o estilingue esportivo e a conduta de seus praticantes..

EDB – Qual a diferença de estilingue e estilingue esportivo?

JB – Estilingue pode ser usado em um monte de atividades lícitas e ilícitas, já o estilingue esportivo, é usado apenas por praticantes da modalidade. Esses praticantes são chamados de estilinguistas ou slingshooters e estes se comprometem, entre outros, a não praticar atos de caça, vandalismo, não maltratar animais domésticos ou da fauna silvestre, não praticar atos lesivos ao patrimônio público ou privado, não praticar atos lesivos a integridade ou a saúde de outrem.

EDB – Qual a definição de estilingue esportivo?

JB – A definição é esta:

Estilingue Esportivo – Terminologia que define as atividades de prática e competições de estilingue, segundo os padrões e regras internacionais. 

Para ser considerado um praticante do estilingue esportivo ou um slingshooter, a pessoa deve adotar na sua prática todos os padrões e regras internacionais, principalmente no que diz respeito à distância, tipo de alvos, munições e regulamento das provas, e, além disso, deve seus praticantes seguir os princípios éticos, cívicos e morais dispostos nos pilares que regem o estilingue esportivo e a conduta de seus praticantes. Existem muitos mais pontos que definem o praticante do estilingue esportivo e suas agremiações. Depois eu te envio isso, pois quando eu criei essa terminologia, eu tinha que explicar pras pessoas qual a diferença entre um e outro, por isso eu inspirado na prática do estilingue como modalidade esportiva nos países da Europa, criei uma definição e os princípios do estilingue esportivo. Muitas pessoas que hoje enchem a boca pra falar estilingue esportivo, muitas pessoas que usam esse termo na nomenclatura de seus grupinhos em redes sociais, não estão nem 1% dentro do que é estilingue esportivo. Eu enviei esse material pro Thomas em agosto de 2019, creio que já foi publicado no Estilingue do Brasil.

EDB - Como está o panorama do estilingue esportivo no Brasil, é igual aos outros países?

JB - De forma alguma! Na América do Norte, Europa e Ásia o estilingue já está bem desenvolvido como modalidade esportiva, aqui no Brasil apesar do estilingue ter sido introduzido no país pelos imigrantes a várias décadas, e existir registros de competições desde a década de 1960, o Brasil ainda está se arrastando no que se diz respeito ao estilingue como esporte, e do jeito que os praticantes daqui pensam, talvez daqui a mais meio século o estilingue se torne um esporte reconhecido.

EDB - Mas porque você diz que irá demorar meio século para que o estilingue se torne um esporte aqui no Brasil?

JB - Como eu disse, os praticantes de estilingue aqui do Brasil pensam de forma diferente, eles não tratam o assunto estilingue esportivo com seriedade, tem muita gente envolvida, e pouca gente comprometida. Vamos falar somente aqui do estado de São Paulo. Do Vale do Paraíba até a divisa com o estado do Mato Grosso, existem cerca de quinze organizadores de competições de estilingue, que por sua vez cada organizador tem seu grupo de pessoas em suas cidades, cada um desses organizadores promovem seus campeonatos com regras próprias e padrões próprios, cada organizador faz as suas regras, em uma competição a distância é 7 metros e a munição atirada são bolas de barro do tamanho de uma bola de ping pong, em outras a distância é 8 metros e a munição é bola de gude, e por aí vai. No meio dessa galera toda não existe um clube de estilingue formalizado, não existe um clube legalizado se quer. A maioria dessa galera trata o estilingue como uma brincadeira pra completar o churrasco e a pingaiada do final de semana, ou seja é uma confraternização entre amigos com umas estilingadas no meio. No estado de São Paulo inteiro só existe um clube que é o GBEE, aqui em Bertioga, o resto não passa de grupinho de rede social made in Photoshop. O interessante é que a galera quer usar forquilha da GZK, borracha e malha de microfibra da GZK, mas não se adequa a novos padrões e regras, eu costumo dizer que o homem já saiu da caverna, mas a caverna não saiu do homem. No Brasil todo eu só conheço dois no máximo três clubes, quando falamos em organizar o estilingue no Brasil, as pessoas criam um monte de dificuldades e obstáculos, e a coisa não sai do papel.

EDB - Já existe uma associação mundial de estilingue? Nesse caso essa nova associação ajudará o estilingue esportivo do Brasil em alguma coisa?

JB - Sim existe! Trata-se da WSA. Na realidade o estilingue esportivo aqui do Brasil só quem pode ajudar somos nós mesmos, os seus praticantes. De que forma? Tratando o estilingue esportivo com mais seriedade e comprometimento, pois como eu disse mais acima, hoje aqui no Brasil tem muita gente envolvida com a causa do estilingue como esporte, mas tem muito pouca gente envolvida. O estilingue aqui no Brasil precisa se organizar internamente, os grupinhos de praticantes em redes sociais que pensam que já são clubes, precisam se legalizar, registrando os seus estatutos e tirar o CNPJ, depois disso, quando tiver a quantidade de clubes em todas as regiões dos estados, é preciso criar e legalizar as federações nos estados, quando tiver federações nos estados de todas as regiões do Brasil é preciso criar e legalizar a nossa entidade majoritária máxima dentro do país que é a confederação brasileira. Hoje quem mais precisa de ajuda é essa associação mundial de estilingue, hoje ela é uma associação de pessoas físicas, ela ainda não tem status de federação ou confederação mundial, ela é uma simples associação que depende da contribuição dos seus membros, tem três pessoas do Brasil que por conta própria fazem parte dela, mas oficialmente o Brasil, o país não faz parte da WSA, e segundo informações a anuidade que essa associação cobra de cada país é cerca de 500 Euros, que é pago anualmente para eles fazerem parte da WSA, e o único benefício que a WSA oferece aos membros, é uma regra padrão das competições de estilingue, como as Copas do Mundo, Campeonatos Internacionais e outras de nível mundial, e a organização das Copas do Mundo de estilingue. Outro dia eu vi uma discussão nas redes sociais, pois eles vão começar a cobrar a tal anuidade, pois a WSA é uma entidade devidamente formalizada, e segundo o seu presidente ela tem encargos que precisam ser pagos. Ou seja eles precisam mais da gente do que a gente deles. Tem mais uma coisa! Porque os praticantes do estilingue esportivo aqui do Brasil, iriam gastar 500 Euros, que da mais de 3.000 reais, que é pouco mais se 2 salários mínimos, pra custear uma entidade internacional que no momento não tem nenhuma serventia pra nós, sendo que com esse dinheiro poderiam ser abertos dois clubes aqui no Brasil.

EBD - Fale-nos sobre a profissionalização do estilingue, ou melhor; a profissionalização do praticante do estilingue esportivo, ouvimos dizer que no Brasil já existem atletas profissionais do estilingue?

JB - Esse é um assunto polêmico, que eu evito muito discutir, e quando o faço eu o faço pela luz da legislação desportiva e das demais leis em vigor, pois muitas pessoas por não terem um conhecimento legal suficiente, interpretam as coisas ao seu modo e deixam de lado aqui que é determinado por leis, decretos, portarias, resoluções e outros dispositivos legais, e com isso levam muitas pessoas a erro. Vamos lá! Quando falamos de atividades profissionais, tipo padeiro, pedreiro, advogado e outros, estas precisam ser classificadas, regulamentadas, e por fim reconhecidas por uma lei federal. A primeira fase disso tudo é feita pelo Ministério do Trabalho através da C.B.O. Classificação Brasileira de Ocupações, a partir disso a atividade passa a ter um número de ordem, depois da classificação a atividade passa a ser uma ocupação e vai para a fase de reconhecimento e passa a fazer parte do SINE Sistema Nacional de Empregos e Salários que também é um órgão do Ministério do Trabalho, depois disso vem o reconhecimento pelo governo e a ocupação se torna uma profissão e ganha um novo código que é o CNAE. Você está achando difícil? Vamos em frente! No caso dos esportes, o processo de reconhecimento profissional é diferente, primeiro a atividade precisa ser considerada esporte e reconhecida pelos órgãos desportivos do país. Em segundo lugar, ele precisa estar organizado e as organizações devem estar enquadradas nas legislações desportivas do país. Terceiro os atletas desse esporte precisam estar filiados a clubes, esses clubes e os atletas devem estar federados, pois são as federações desse esporte é quem vai decidir se um atleta é profissional ou amador, não sou eu, nem sicrano, nem beltrano, além disso segundo a Lei Pelé, ele para ser um atleta profissional precisa ter um contratante que poderá ser uma associação desportiva ou empresa que irá bancar as despesas mensais do atleta (salários), para que este dedique-se melhor ou exclusivamente aos treinamentos. Como eu disse mais acima, no Brasil todo existem apenas dois clubes de estilingue em estados diferentes, além disso o estilingue ainda é marginalizado no Brasil, não existe nenhuma federação estadual legalizada e legítima no país para que esta possa determinar quem é profissional e amador. O critério que alguns influenciadores usam para fazer essa classificação é que se o cara vai numa competição e ganha, e leva o dinheiro pra casa ele é um profissional. Como eu disse mais acima, tem muitas competições que a premiação é bancada do próprio bolso dos organizadores, e muitas vezes o atleta viaja 600 Km pra ir a uma competição, gasta uma nota de transporte, ainda tem que pagar a taxa de inscrição que é algo entre R$40,00 e R$60,00, se ele ganhou R$500,00 em muitos casos ele zerou a conta, pois a despesa de viagem mais a taxa de inscrição chegou perto do valor do prêmio, é quase a mesma coisa de ir a casa lotérica apostar 10 e ganhar 5. Se formos seguir o raciocínio de alguns influenciadores sobre o que é ser um atleta profissional, podemos ver claramente que esse pseudo profissionalismo está condicionado e limitado ao atleta ganhar um dos prêmios oferecidos em uma determinada competição, se esse atleta perder, este não levará dinheiro pra sua casa, e nesse caso deixará de ser profissional até que venha a ganhar uma competição, quando um verdadeiro atleta profissional ganhe ou não ganhe uma competição, faça sol ou faça chuva o seu salário, e o pão de cada dia estará garantido por força contratual com o seu clube ou com o seus ou seus patrocinadores. Um atleta profissional é muito mais que isso. Teve um influenciador aí que disse que não interessa o que diz a lei, interessa o que ele pensa e está acabado, infelizmente essa pessoa não é digno de ser chamado de esportista, pois todo esporte é regulamentado por uma lei, além disso existem as regras e estatutos de cada esporte, além disso tudo, quando há alguma picuinha os atletas e clubes recorrem a justiça desportiva que vai fazer a aplicação das leis desportivas. Enfim! Atleta profissional do estilingue aqui no Brasil, vai demorar muito pra existir, pois precisamos comer muito feijão com arroz até que isso aconteça.

EDB - Já faz um tempo que ouço falar do estilingue nas olimpíadas, vi até um vídeo de um cara falando sobre isso, você acha que isso é realmente possível?

JB - Possível é! Mas não do jeito que estão falando por aí. Para que uma modalidade esportiva seja aceita no programa olímpico é preciso que sejam observados alguns critérios estabelecidos na carta olímpica. Basicamente, um esporte é considerado olímpico se for praticado por homens em 75 países, no mínimo, e em quatro continentes. Já no caso das mulheres, se é praticado em 40 países, no mínimo, e em três continentes. Porém, mesmo que um esporte atenda a esse requisito, o esporte pode não ser incluído no programa dos Jogos Olímpicos, pois o número de esportes não pode ser muito grande, já que aumentando o número de esportes olímpicos, aumentaria também o número de atletas, o que poderia tornar inviável a organização de uma Olimpíada.

Logo, o COI definiu que para um esporte entrar no programa olímpico, outro esporte tem que sair. Essa decisão de quem entra ou sai é realizada pelo Comitê Olímpico Internacional, que analisa cada modalidade.

Depois de tudo decidido, o esporte só poderá ser incluído no programa dos Jogos Olímpicos de uma Olimpíada, com no mínimo sete anos de antecedência dos Jogos dessa Olimpíada.

Mesmo que um esporte não esteja incluso no programa olímpico, ele ainda pode ser “reconhecido” pelo Movimento Olímpico, que é o grupo de organizações, atletas e outras entidades regidas segundo os Estatutos Olímpicos e que reconhecem a autoridade do Comité Olímpico Internacional. Esse é o primeiro passo para a inclusão de um esporte no programa. Para o esporte conseguir esse reconhecimento, a sua Federação Internacional deve existir a dois anos no mínimo, além de ter que provar para o Movimento Olímpico, que o esporte possui um caráter olímpico e um estatuto.

Vamos resumir em 10 itens o que um esporte precisa para ser aceito no programa olímpico e participar de uma olimpíada, segundo os critérios das da carta olímpica, não meu, nem de sicrano, nem de beltrano, e sim da carta olímpica.

1 - Atratividade do esporte para os veículos de comunicação.

2 - Relação que o esporte possui com o país sede da competição.

3 - Valor que o esporte acrescenta para a população.

4 - Interesse que o esporte desperta na mídia e no publico em geral.

5 - Apelo da juventude.

6 - Igualdade de gênero.

7 - Mínimo impacto do esporte sob a infraestrutura da competição e a complexidade dos custos operacionais.

8 - O esporte precisa ser regido por uma federação internacional (que é o núcleo de cada modalidade, como a aquática por exemplo, que rege todos os esportes praticados na água).

9 - O esporte deve ser praticado na maioria dos países do mundo.

10 - O esporte deve seguir as regras do Código Mundial Antidoping, e respeitar a Carta Olímpica.

Diante do acima exposto, se os demais países do mundo fizerem a lição de casa direitinho, talvez daqui a 30 anos, o estilingue seja aceito no programa olímpico e venha a competir em uma olimpíada, mas isso se os países fizerem a lição de casa direitinho, se nesses países o estilingue for reconhecido como esporte pelos órgãos do governo, se estiverem devida e legalmente organizados desde os clubes as confederações, e etc. Aqui no Brasil do jeito que a coisa anda, quando o estilingue for aceito no programa olímpico, os atletas brasileiros que quiserem participar de uma olimpíada terão que competir por outro país, pois a organização do estilingue aqui dentro o Brasil está bem longe de acontecer. Um amigo uma vez enviou uma mensagem num grupo perguntando o que os praticantes daquela modalidade chamada escalada esportiva fizeram pra estarem competindo numa olimpíada e o estilingue não? Eu respondi, é simples; eles apenas se organizaram no mundo todo, inclusive aqui no Brasil ao contrário do estilingue. Espero que os praticantes acordem e observem o que acontece no mundo do estilingue esportivo nos países lá de fora e enxerguem que o mundo não para, e comecem a se mexer, caso contrario o estilingue aqui no Brasil continuará sendo uma brincadeira de criança nas mãos de marmanjos. É isso!

EDB - Você é membro de um clube ou é presidente de um clube de estilingue esportivo?  

JB - Sim! Sou ambos, sou membro fundador, atual presidente e candidato à reeleição para gestão de 2022 a 2025.

EDB - Fale-nos um pouco da sua atuação junto ao clube, fale-nos das atividades e eventos realizados.

JB - Bom; o clube foi fundado em 7 setembro de 2013, nessa data  foi realizada uma eleição de diretoria onde concorreu uma única chapa, eu fiz parte da chapa como diretor técnico, a gestão dessa diretoria foi de 2014 a 2017, quando teve a segunda eleição de diretoria e conselho fiscal, nessa eleição eu montei uma chapa para concorrer com a chapa do atual presidente, e fui eleito presidente do GBEE para o quadriênio de 2018 a 2021, esse ano estou concorrendo para a reeleição com uma única chapa. As atividades do clube são: Treinar os atletas do clube para competições, promover competições, ministrar cursos de tiro e confecção de equipamentos, venda de equipamentos e insumos, promover atividades de estilingue esportivo junto a comunidade e escolas públicas através de programas educativos, desportivos, folclóricos e culturais.

EDB - O que difere o GBEE dos demais clubes e grupos existentes no Brasil?

JB - Em primeiro lugar o GBEE é um clube, tem o nome de grupo, mas é um clube. Como eu disse mais acima, os clubes e grupos de pessoas que promovem competições aqui no Brasil, criam as suas próprias regras, cada uma diferente das outras e isso não tem um padrão. Nós aqui do GBEE  desde o início, optamos por adotar os padrões internacionais de prática, distância, munição, competições e regras, fizemos isso simplesmente porque um dia quem sabe, ao invés de competir no fundo do quintal de casa e iríamos alçar novos horizontes. Antes nós usávamos as regras que eram praticadas na Espanha que é um país que tem tradição no estilingue esportivo, mas depois da primeira Copa do Mundo de Estilingue em 2018 na Itália, nós passamos a usar alvos semelhantes e as mesmas regras que foram usados na Copa do Mundo.

EDB - Quais foram e quantas competições o GBEE realizou desde a sua fundação?

JB - Desde 2013 o GBEE realizou várias competições de finais de semana entre os associados, essas competições foram restritas aos membros do GBEE. Em 2019 finalmente nós tiramos do papel a Copa Caiçara de Estilingue Esportivo, era um projeto que estava no papel desde 2018, que era uma competição de âmbito estadual que era para ser realizada no mês de março de 2019, mas devido a falta de local adequado ela foi realizada no mês de maio do mesmo ano. No mesmo ano no mês de setembro nós realizamos a primeira edição da Copa Independência de Estilingue Esportivo, essa foi de âmbito nacional, em 2020 já com a ameaça do COVID 19, realizamos a segunda edição da Copa Caiçara de Estilingue Esportivo, no dia seguinte da realização da competição, recebemos um memorando da prefeitura proibindo todas as competições esportivas nos limites da cidade, e de lá pra cá não conseguimos realizar mais nenhuma competição. Deixamos de fazer a segunda edição da Copa Independência em 2020, a terceira Copa Caiçara em março deste ano, e a terceira edição da Copa Independência no dia 12 de setembro. 

EDB - Nesses eventos costumam vir muitos competidores? Qual é a média de competidores presentes?

JB - A média é de 25 a 40 competidores. Aqui no Brasil existe um costume entre as pessoas que participam de competições de estilingue, que é saber o valor do prêmio para decidirem se vale a pena ir a uma determinada competição ou não, para essas pessoas não existe aquela estória de competir pelo esporte e para o esporte, muitas dessas pessoas se comportam mais como jogador do que como um atleta ou competidor. Se o prêmio é alto, vem gente de tudo que é canto, se o prêmio é pouco não passa de 20 participantes. No Brasil é difícil se conseguir patrocínio para competições, ainda mais para competição de estilingue, que não tem muita visibilidade, não movimenta grandes valores, e ainda pra completar, o estilingue é marginalizado e tem fama de vilão graças a uma cultura do passado. Hoje para se organizar uma competição de estilingue decente começando do zero, o que inclui, os alvos, telas de proteção, prêmios e publicidade local (banners, faixas e cartazes), tendo o local da competição de forma gratuita, tudo isso custa algo em torno de R$11.000,00, no segundo o custo já diminui um pouco, pois já temos os alvos, as telas de proteção que se for tomado os devidos cuidados dura anos. Caso não tenha um local para realizar a competição, pode acrescentar mais uns R$2.000,00 de aluguel do local aos custos. A primeira competição que realizamos aqui em Bertioga, entre os preparativos, o local e prêmios, nos gastamos cerca de R$4.000,00, isso porque economizamos bastante, e não foi a competição ideal, mas foi a competição possível de se fazer com o que tínhamos em mãos. Hoje a coisa está crescendo, já temos algumas propostas de patrocínio para as próximas competições.

EDB - Quer dizer que não vocês não conseguem patrocínio para bancar os custos de uma competição? E como as pessoas do estado de São Paulo que você disse organizam as competições fazem pra conseguir verba para custear as competições?

JB - Tem uma turma que começa aqui no Vale do Paraíba e vai quase até a divisa com minas e Mato Grosso, eles formam um grupo de 10 a 15 organizadores, e cada um põe R$200,00 ou R$300,00 em cima da mesa, põe o nome da cidade de cada um num saco e sorteiam a cidade onde será a competição, depois da competição eles fazem a mesma coisa, ou seja eles formaram uma espécie de consórcio para promover uma competição todos os meses, onde eles bancam todas as despesas do próprio bolso, se conseguirem algum patrocínio é lucro. Nós preferimos não fazer a coisa dessa forma, pois achamos que o esporte e as competições devem ser auto sustentáveis, e tudo deve ser custeado por patrocínio externo, ou deve ser custeado pelo que for arrecadado nas inscrições. Se tivermos um patrocínio que banque todas as despesas, podemos baixar o valor da taxa de inscrição ou até mesmo zerá-las. Se tudo for bancado pela taxa de inscrição, será preciso ter um número considerável de inscritos, cerca de 50 inscritos com uma inscrição média de R$60,00 cada, quanto mais inscritos melhor, lembrando que os custos de uma competição não resume-se apenas no valor pago na premiação e nos troféus, até o papel higiênico e o sabonete do lavatório dos banheiros entram no custo de uma competição. No final de uma de nossas competições, um dos competidores que saiu por último, me fez a seguinte pergunta: " E aí! Deu pra ganhar alguma coisa? ". Eu gostaria de informar que, em todas as competições que realizamos, nem eu, nem o GBEE ganhamos nada com isso, tudo o que foi arrecadado nas inscrições e nos poucos patrocínios foi revertido em prêmios e brindes para as competições, o pouco de recurso que sobrou, foi destinado a um fundo de reserva destinado as competições. 

EDB - Mais acima você disse que o estilingue precisa se organizar internamente aqui no Brasil, e que o início dessa organização é feita através da criação e da legalização dos clubes. Você disse também que quando você fala em legalizar os clubes as pessoas colocam um monte de dificuldades, as perguntas são: Como deve ser feito? Qual é o custo para a legalização de um clube ou associação desportiva? E qual as despesas depois do clube estar legalizado?

JB - O primeiro passo é juntar as pessoas interessadas, fomentar a prática, fazer reuniões semanais ou mensais, discutir e amadurecer a ideia, feito isso deve-se marcar a data da assembleia de constituição da entidade que deverá ser sem fins lucrativos ou econômicos. O segundo passo será elaborar a minuta dos estatutos (existe um modelo padrão aprovado pelo Conselho Nacional dos Esportes), que será lido e aprovado na assembleia de constituição. O terceiro passo é a eleição da diretoria. O quarto passo será o registro dos estatutos no cartório. O quinto passo é o registro da entidade junto aos órgãos públicos como Receita Federal, SEFAZ do estado e prefeitura. Na fase de constituição, entra em cena alguns profissionais que são um advogado e um contador, o advogado é quem irá assinar os estatutos, e as atas de constituição, aprovação de estatutos e da eleição da diretoria, dando legitimidade aos atos, o contador é que fará todos os registros da entidade junto aos órgãos públicos que mencionei acima. Nessa fase de constituição desde a primeira reunião até o registro dos estatutos e das atas no cartório somente o advogado quem irá atuar, os honorários do advogado vai depender dele e do serviço contratado, os valores são fixados pela OAB, mas isso você pode até conseguir de graça, o do GBEE fez tudo de graça, pois ele era amigo nosso e não quis cobrar. No cartório, isso vai depender da cidade e estado, e também do número de páginas a ser registrada, o nosso custou algo em torno de R$400,00 na época, pois foi registrado os estatutos e as atas. Depois do cartório entra em cena o contador que fará os registros finais, nesse caso os honorários dele também é variável, o nosso também fez de graça pois ele é da família, pagamos apenas as taxas que deu cerca de R$300,00 na época. Depois de legalizado o clube terá que ter mensalmente os serviços do contador caso tenha a movimentação de valores, e anualmente para fazer a declaração do imposto de renda do clube, que por ser uma entidade sem finalidade lucrativa ou econômica não paga impostos.

EDB - John já estamos chegando ao fim de nossa entrevista, e gostaríamos que você deixasse uma mensagem para os praticantes de estilingue esportivo do Brasil e para aqueles que estão querendo iniciar agora.

JB - Eu gostaria de dizer a todos para que se organizem! Formem e legalizem os seus clubes de estilingue. O estilingue esportivo do Brasil precisa se organizar para que possa ser reconhecido como modalidade esportiva em nosso país.



Nossos agradecimentos ao John Balthazar que nos deu um pouco do seu tempo respondendo as perguntas.


Muito obrigado John!


Até o próximo post!


By Bob Perkins



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